terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Uma árvore no cais

 
Foste semente caída pelo chão. Arrastada pelo vento paraste esquecida, perdida, sozinha entre as pedras. À beira do pontão ficaste e escondida permaneceste para não seres engolida pela voragem da chuva e no esgoto acabares ou no fundo do mar.

O marulhar das ondas, o gemer dos barcos, o trinar dos beijos dos namorados foram a tua companhia enquanto pequeno grão. Aos poucos, a vida descobriu-te e ajudou-te a ver o ouro do sol, o azul do céu e o verde do mar. Bastou um pouco de calor e germinaste, eclodiste, brotaste do escuro. Cresceste, enfeitaste-te de ramos e folhas, em breve serás árvore e as crianças comerão lapas e figos torrados à tua sombra enquanto as mães olham o mar e esperam o regresso dos seus homens nos pequenos barcos de ventres inchados de escamas prateadas.
 
Texto e foto de Benó


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Agora

 
 


Apaixonados, amantes,
Vivemos  amores e paixões .
Rimos.
Sofremos  zangas, raivas, infortúnios .
Vencemos montanhas e desertos.
Trocámos beijos e abraços.
No árido deserto sofremos a dura sede da saudade.
Nas puras fontes bebemos a água da felicidade.
Hoje, neste Jardim d'abrolhos,
no aconchego do teu regaço,
esperanças. sonhos, ilusões, renovo e refaço.
 
 
 
 
 
foto e texto de Benó

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Flores


Vou compor um ramo de felicidade com alguns beijos e abraços à mistura que rematarei com um laço bem apertado de sorrisos.Com ele, enfeitarei o decote da blusa.
Dançarei à chuva e o vento não calará a canção que entoarei.
Sei que vais gostar.

foto e texto Benó

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Refúgio




Por detrás das grades
Habita uma princesa feita fantasia.
É prisioneira dos seus sonhos e desejos.
Grades que ela própria inventou
para defesa dos gigantes que criou.
As grades não existem, são utopia.
Fantasia
de quem teme a realidade.

 


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Sagres e o seu mar em dia de reis

O mar também pode ser um jardim onde as anémonas florescem e as algas se passeiam por entre cavalos marinhos e peixes coloridos.
Neste dia 6 de janeiro, consagrado à monarquia - dia de reis - , cavalos correram à rédea solta sobre este mar revoltado, irado que galgou falésias, destruiu restaurantes, chegou onde lhe era proibido chegar, inundou abrigos, causou o caos.
Tentei captar, nalgumas fotos,  a expressão duma força imbatível comandada por um querer absoluto.
                             
                              Lava branca dum qualquer vulcão em erupção no fundo do mar.

                                                  Cavalos selvagens de crinas ao vento                                   

                                         
 
 
O rebentar duma fúria recalcada
 
                                                                                                           
                                                                                              fotos de Benó
 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Natal sem perú







Neste natal, o perú não teve lugar à nossa mesa.
Um montão de penas, um monco escarlate numa cabeça careca adornada com um grosso bico ficaram em liberdade na quinta onde vagueiam outros iguais cantando o seu glu-glu num coro natalício.

Foram outras as preferências gastronómicas mas, ninguém se aborreceu nem ficou de monco caído; à volta da mesa com os pratos a fumegar houve alegria, conversa animada  e a união familiar foi o elo forte que produziu o calor suficiente para que ninguém se constipasse  e ficasse de monco à vela. No entanto, nesta época de frio, o jardim anima-se com os vermelhos exuberantes dos moncos-de-perú.
 
fotos da net